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Opinião: covid-19, comportamento enfermo e a sorte que nos resta.





Muitos ainda negam a gravidade desta epidemia. E no centro-oeste do Brasil, este negacionismo todo, pode ser visto de longe. A capital de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, nas duas últimas semanas, viu o que estava aparentemente calmo virar um caos. Praticamente as vagas em UTI nos hospitais públicos estão ficando escassas, e até container refrigerado está sendo usado para armazenamento e manipulação de corpos infectados.

 Antes disto, o prefeito se gabava dos dados da cidade, e afrouxou as rédeas do afastamento social. Agora, ele resolveu apertar um pouco, depois do número de mortes na cidade dobrar rapidamente, e o número de casos disparar feito flecha. O prefeito continua, de certo modo, a se gabar dos dados, com outra ênfase é claro. Até entendo seu trabalho, mas para mim, fica evidente que sua gestão não está agindo apenas em auxílio do povo.

Provavelmente quem mora na capital sul-mato-grossense, nesta data, conheça pelo menos um caso de alguém próximo que foi contagiado pelo novo coronavírus, ou ao menos, é suspeito disso. E continuam a perambular livremente pelas ruas da cidade, aqueles que não se interessam pelo bem-estar alheio, ou está alheio as consequências desta inconsequência propositada. Não tenho esperança quanto ao comportamento empático do campo-grandense.

Hoje, o artigo é mais um desabafo. A população corre perigo, e os profissionais que lidam com este problema diretamente, mais perigo ainda. Dos testes prometidos aos laboratórios centrais dos estados, apenas 20% foi distribuído, e em diversos casos, os kits que chegaram estavam com falta de um insumo essencial. Do valor total a ser posto para controle da pandemia, apenas um terço foi disponibilizado pelo governo federal. Isto é omissão, e a história contará os detalhes mais tarde.

O que temos hoje é um ministro militar, assessorado por outros militares não-técnicos. Médicos que assumiram o posto anteriormente foram retirados pela consciência que possuem, pois sabem que obedecer a seu chefe direto era colocar em risco a carreira e a decência.

 E a desinformação? Esta é uma das causas da falta desta sensibilidade humana. Infelizmente, a ignorância é a moeda adotada pelo governante do país, num pensamento de salvação de si mesmo, e numa estratégia política que tenta garantir que ações de agora não sejam cobradas num futuro próximo. E ele conta com a memória curta do brasileiro, e com os instintos mais egoístas de nosso povo.

E nós, pelo que se apresenta no momento, contamos apenas com a sorte. Sorte a nossa que existem os sãos, que ajudam a minimizar os danos daqueles que não se importam com sua própria sanidade, e muito menos com a vida do próximo. Venceremos, eu sei.

Alexandre Fon
@_alexandrefon




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