Opinião: será que Acredito em Tábata? ou o PDT não é mais de Tábata.
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Tabata Amaral escreve em sua coluna na Folha de São Paulo, do dia 29 de julho de 2019, "Fui chamada de traidora, por ousar, como parlamentar mulher e jovem, dizer sim a uma reforma da Previdência que havia mudado completamente desde sua apresentação."
Comento: não vejo a "chamada do PDT" em relação a deputada, e outros sete integrantes da bancada na câmara, como uma atitude machista, tanto que há mais homens que mulheres nesta situação. Nem contra os mais jovens. O que está dado é que estes deputados votaram contra a decisão fechada do partido, que era contra o texto da reforma da previdência. Também não observo ser justa a denominação de traidora dada à Tabata Amaral. O que ocorre é que o partido, que orientava certo voto, teve de alguns de seus deputados, certa contrariedade.
O fato é que a deputada Tabata Amaral era a mais vista e lembrada entre os deputados do mesmo partido, justamente por ter sido apoiada pelo principal correligionário, Ciro Gomes, que na disputa presidencial de 2018, obteve o terceiro maior número de votos.
Quanto o grupo cujo é cofundadora, disse a deputada: "O manifesto do movimento Acredito, do qual sou cofundadora, fala
explicitamente da construção de uma política que promova o diálogo e a
busca por soluções efetivas, e da crença em práticas partidárias mais
democráticas e transparentes."
Retomo: Ciro Gomes havia dito que Tabata, por sua postura, assumiu votar em nome de um partido clandestino, o Acredito. Sendo assim, para Ciro, ela estava fazendo dupla militância.
"Todo mundo pode participar de qualquer movimento, mas se você tem um
partido clandestino para burlar a legislação que proíbe financiamento
empresarial, isso é uma coisa muito mais grave", afirmou Ciro em
evento em São Paulo.
"Você pega um partido clandestino, que tem suas regras próprias, seu
programa próprio, você se infiltra nos outros partidos e usa os outros
partidos, fundo partidário, tempo de TV, coeficiente eleitoral para se
eleger e fazer o serviço do outro partido? Aí é um problema de dupla
militância, não tem nada a ver com a compreensão de reforma da
Previdência que nós temos", completou.
Tabata continua em sua coluna do dia 29 de julho, "não me infiltrei no PDT,
como dizem. Fui acolhida junto com minhas convicções. A carta assinada
entre o Acredito e o PDT-SP destacava o compromisso de dar voz ao voto
dos integrantes filiados e respeitar a identidade do movimento. Sei que
tal documento não se sobrepõe às normas partidárias e não é disso que
estou tratando, mas sim do absurdo de carimbar minha expressão como ato
de rebeldia, quando exerci o direito de manifestação da minha
consciência."
Repare que a deputada Tabata Amaral não nega que a posição partidária se sobrepõe ao documento assinado entre o PDT e o Acredito. E isto diz muito. Ela diz que está sendo atacada em seu direito de expressão. Contudo, existe o direito de expressão partido, que ela violou. E agora, a "consciência" de um deputado é exclusivamente sua?
Ainda em seu texto, Tabata Amaral tenta construir sua defesa em cima da desigualdade entre homens e mulheres, que age em nome dos mais pobres, e que os mais velhos não conseguem enxergar os valores dos mais jovens. Notamos isto quando ela trata da cota partidária mínima para o sexo feminino, exigida para todos os partidos, e cita que seu voto foi em favor dos mais pobres.
"O que interessava ali era capturar uma candidata para preencher a cota
dos 30% e, de quebra, "conseguir uns 5.000 votos"? Quem foi desleal e em
que momento? O meu sim à previdência dialoga com a crença de que reformar nosso
sistema pode trazer benefícios aos mais pobres, porque políticas
públicas sociais precisam ser sustentáveis", disse Tabata.
O que percebo em tudo é que Tabata votou de acordo com sua consciência, que é mais próxima do grupo que ajudou a fundar do que de seu partido. Verifico também que seu partido, o PDT, usou de seu direito para aplicar sanções contra aqueles que não seguiram o que foi decidido em convenção. Ao que tudo indica, a jovem deputada não respeita o direito do partido em que está, e reluta pela suspensão que teve, ofendendo as premissas partidárias que ela, desde o início, conhecia.
No fim, temos uma deputada pedetista que acredita que há contra ela, uma injusta acusação de traidora, mesmo sua decisão tenha deixado nas entrelinhas uma possível dupla militância. E está claro que ela tem mais apreço ao Acredito que ao PDT, o partido que tornou possível sua candidatura a deputada.
Agora, o que resta são as consequências de sua decisão, e a opinião da sociedade quanto a isto, inclusive a minha, a qual encerro agora.
Alexandre Fonseca